19.7.10

Ontem por terras Haitianas

Lá fora chove uma chuvinha tropical.
Fui espreitar a vida através das grades do Hotel, chegam-se logo ao gradeamento 2 ou 3 haitianos, sorridentes, a meterem conversa, a venderem quadros coloridos e cabaças pintadas.
Nós somos uns mariquinhas, com medo da chuva enquanto o povo anda contente debaixo de água.

Andámos por Pétionville, Thomassin, Carrefour e Port-au-Prince. Isto é um misto de Madeira e Darfur.
Madeira porque é muito bonito, tem montanha, floresta, bananeiras por todo o lado e Darfur pela pobreza e caos.

Port-au-Prince é uma lixeira e um gigante mercado a céu aberto. Os canais estão entupidos de lixo, entulho, emanam um cheiro nauseabundo e o mais grave é que antes do sismo já era assim, não há redes de águas pluviais, saneamento, pura e simplesmente. O sismo apenas agravou um pouco o que já se vivia, pois a população que antes estava mais dispersa, concentrou-se aqui na parte baixa da cidade. E o povo anda no meio desta lixeira,vendem tudo ao monte, arranjam os carros nas oficinas improvisadas nos passeios ao lado de montanhas de lixo.
Há anos que é assim, um país subdesenvolvido, aliás o único país subdesenvolvido da América.
Andam todos pela rua, de um lado para o outro, não sei muito bem para onde, mas é um movimento brutal de carros e pessoas. As estradas são caminhos de terra, asfalto é pouco ou todo esburacado, os jipes são reis aqui.

Chegamos ao hotel e esquece-se tudo, isto é um oásis. Piscina, música, restaurantes, ar condicionado...até nos sentimos mal com tanto conforto.

Coisas boas:
8 mangas custam 1 dólar. Estou prestes a comprar um montinho delas, só assim podemos comer fruta, pois tem de ser descascada por nós por causa das doenças.

Bem, cortaram a luz. Volta e meia isto vai abaixo, mas logo, logo volta. :)

1 comentário:

susana disse...

Ainda bem que existem mangas :)