Aterrar em Port-au-Prince

Aqui vão as primeiras impressões, com quase 2 directas em cima:

Olá!
Para começar são 3:39 da manhã em Lisboa e menos 6h em Port-au-Prince. É verdade, menos 6h em vez de 5h pois o Presidente, decidiu não ter as mesmas horas
que os outros países aqui à volta. Para quê?

Ao sobrevoar o Haiti reconheci sítios que tinha avaliado os danos via
google earth, e só isso dá um gozo enorme.

O aeroporto é uma loucura; um armazém, caótico, cheio de estrangeiros que vêm dar um pouco de esperança e lá fora uma população grudada às grades, a chamar-nos para entrarmos num táxi ou de mão estendida.

Quando chegámos não vimos o Dwinel (o director do Observatório que nos ia
buscar). Fomos saindo do aeroporto, medo-curiosos, perdidos, no meio da terra batida e de repente, VOILÁ! surge uma cartolina onde se lia "Mónica Ferreira e Carlos Oliveira". Que fixe! É real!
Lá fomos com o Dwinel, um eng. civil mais novo que eu, que no dia do sismo estava a dar aulas na universidade, quando esta colapsou e conseguiram retirá-lo do meio dos escombros. Arrepiou-me.
Arrepiou-me ainda mais ele ter dito que estava emocionado por nos ter cá,
por termos vindo de tão longe para tentar trocar ideias, ajudar.
Bolas!

A caminho do hotel passámos pela cidade, 80% dos ministérios no chão,
tap-tap's por todo o lado e milhares de pessoas a sobreviverem em tendas
improvisadas ou em restos de casas. Lixo e entulho por todo o lado,
cozinha-se à beira da estrada, vendem-se shampoos à beira da estrada,
vive-se à beira da estrada.
Do dia do sismo até hoje nada mudou, isto porque antes do sismo a situação era parecida; a única diferença é que havia umas espécies de casas e agora são uma espécie de tendas.
O Governo nada fez, e parece que pouca vontade tem de fazer o que quer que seja, pois há eleições em Novembro e 50 candidatos idiotas que não se preocupam com o seu povo.

O povo acomoda-se, sobrevive, não sabe os direitos que tem, mas tem sempre um sorriso imenso no rosto e adoram ter-nos cá!

Até já.