O Megasismo de 1755 - alguns apontamentos

O sismo de 1755, mais conhecido pelo Terramoto de 1755, é considerado como o maior dos sismos de que há notícia histórica. Sentiu-se fortemente em Lisboa, Algarve, sul de Espanha e Marrocos. Embora sem causar danos, também foi sentido por quase toda a Europa, nos Açores e na Madeira.

A actividade sísmica nos anos que precederam o grande abalo do 1º de Novembro de 1755 não foi intensa, embora haja referência a pequenos abalos a partir de 1750 (dia da morte de D. João V). É interessante registar (Arquivo Nacional da Torre do Tombo) que “no dia anterior, ou seja, a 31 de Outubro, houve um facto que de certo modo pré-anunciou esta catástrofe. Refiro-me ao facto de a maré nesse dia se ter atrasado mais de duas horas, facto que foi observado por um piloto, que ao verificar a repetição do mesmo acontecimento no dia 10 de Dezembro, andou gritando pelos bairros de Lisboa para que nessa noite ninguém ficasse debaixo de telha porque poderia haver algum tremor de terra”. Esta profecia parece ter saído certa porque no dia 11 de Dezembro pelas 4h e 55min da manhã, a terra tremeu duas vezes, com violência.

No dia 1 de Novembro de 1755, sábado, o tempo estava demasiado quente para a época, com uma temperatura de 14ºC e vento a soprar fraco de NE. Às 9h:40 deu-se o grande abalo constituído essencialmente por três fases e precedido de um ronco subterrâneo. As fases e respectivas durações variam de local para local, conforme testemunhos colhidos por toda a Península Ibérica. A primeira fase, com uma duração aproximada de 1.5 minutos, pouco violenta, foi seguida, depois de um intervalo de 1 minuto, por um outro movimento mais intenso com duração de 2.5 minutos, que provocou já danos consideráveis. Depois de outro intervalo de 1 minuto seguiu-se a terceira e última fase, com uma duração de 3 minutos, mais violenta que a anterior. O abalo durou, portanto, cerca de 9 minutos. A direcção do movimento é difícil de estabelecer: umas testemunhas indicam o N-S e outras, possivelmente noutros locais, E-W. No entanto, a direcção preferencial do movimento segundo SW-NE merece alguma relevância conforme atesta o facto de as ruas da Baixa com aquela orientação não terem sofrido grandes danos, uma vez que, segundo a direcção do eixo das ruas, as casas se apoiam melhor umas nas outras. As vibrações da primeira fase foram essencialmente verticais e de mais alta frequência que as restantes.
A hora de início do sismo é matéria de alguma controvérsia, com variações entre as 9h e meia e as 10h, com maior possibilidade entre as 9h:35min e as 9h:45min.