19.4.10

As cinzas do vulcão e seus impactos

Nos últimos dias vão-se repetindo histórias de clientes, sozinhos ou em grupo, que contratam serviços de táxi para realizar serviços até quinta-feira impensáveis, cruzando várias fronteiras e acumulando facturas de milhares de euros.

Uma das histórias é contada por um espanhol, Diego González, que no seu blog diz que depois de a viagem de regresso da sua mulher de Paris a Barcelona ter sido afectada pela nuvem, soluções alternativas tornaram-se igualmente problemáticas.

A greve dos caminhos-de-ferro franceses, as viagens de autocarro cheias e o facto de não haver já carros para alugar em Paris e arredores levou a empresa da mulher a decidir contratar um táxi para realizar a viagem.

"Doze horas de viagem, mais de cem mil quilómetros de táxi e uma factura superior ao salário médio francês: 1646,8 euros", conta, com direito a foto do taxímetro que chegou "a Barcelona, a fumegar".

Gonzalez diz que o valor é "um recorde para a família", mas muito mais barato para a empresa da mulher que "tê-la em Paris sem fazer nada".

"Um vulcão na Islândia pode deixar felizes taxistas na Noruega, Inglaterra ou França. O efeito borboleta, versão vulcânica", escreve González.

A história não é única. A primeira conhecida logo no sábado, quando se soube que o ex-Monty Python, John Cleese, pagou 3800 euros para realizar uma viagem, de Táxi, entre Oslo e Bruxelas.

Outra história conhecida é a de um grupo de executivos de uma multinacional que pagou 1200 libras (1360 euros) a um taxista para os transportar de Northampton, no sul de Inglaterra, para a cidade suíça de Genebra.

Foi a maior viagem de sempre registada pela empresa de táxis contratada, a Amber Cars.

Em Madrid e Barcelona repetem-se as histórias de taxistas contratados para levar passageiros retidos a cidades como Estocolmo, Londres, Paris ou Berlim.

A TeleTaxi madrilena, por exemplo, explica ter sido contactada para saber preços de viagens até Lyon (França), um custo de mais de mil euros que o cliente acabou por não aceitar.

Mas não são só os taxistas que saúdam a cinza islandesa e outros sectores, incluindo a hotelaria e a restauração, dão conta de aumentos importantes de receitas nos últimos dias.

Praticamente todos os hotéis próximo dos aeroportos de todas as grandes cidades europeias -- para não falar de cidades do resto do mundo que têm voos para a Europa, como Sydney, Singapura ou Hong Kong -- reportam já taxas de ocupação de praticamente 100 por cento.

As lojas dos aeroportos também relatos mais vendas do que o normal. Não há dados concretos mas até as empresas de telecomunicações lucram com a crise aérea, com milhares de viajantes, presos fora do seu país, a ter que contactar família ou empresas quer para informar da situação, quer para procurar soluções alternativas.

Mesmo de outras partes do mundo surgem noticias positivas: empresas que vendem flores, nomeadamente tulipas, na Nova Zelândia, davam hoje contas de um aumento sem precedentes nas vendas.

Os Estados Unidos não conseguem importar da Holanda e do resto da Europa e, por isso, viram-se para outras alternativas.

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1548026

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