15.6.05

A Catarina deu-me a conhecer o Rui Pires Cabral. Obrigada!

"No começo do amor, quando as cidades
nos eram desconhecidas, de que nos serviria
a certeza da morte se podíamos correrde ponta a ponta a veia eléctrica da noite
e acabar na praia a comer morangos
ao amanhecer?

Diziam-nos que tínhamos
a vida inteira pela frente. Mas, amigos,
como pudemos pensar que seria assim
para sempre? Ou que a música e o desejo
nos conduziriam de estação em estação
até ao pleno futuro que julgávamos merecer? Afinal, o futuro era isto.

Não estamos mais sábios, não temos
melhores razões. Na viagem necessária
para o escuro, o amor é um passageiro
ocasional e difícil. E a partir de certa altura
todas as cidades se parecem."

(in "Longe da aldeia", Averno, 2005)

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